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domingo, 9 de fevereiro de 2014

REGRA FUNDAMENTAL “A ESCRITURA INTERPRETA A ESCRITURA”


O primeiro interprete da Palavra de Deus foi o Diabo, lá no Jardim do Edém (Gn 3), que atribui a palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astuciosamente a verdade. Mais tarde o mesmo inimigo falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, ou seja, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra (Mt 4).

Conscientes ou inconscientemente, muita gente tem imitado Satanás, interpretando a Bíblia de maneira totalmente equivocada. Esses tipos de interpretação tem como resultado grandes desgraças e catástrofes, exemplo: a Inquisição. Por isso a primeira e correta regra de interpretação bíblica deve ser: “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”.

Ignorando ou violando esse princípio simples e racional temos encontrado suposto apoio nas Escrituras para muitos e nefastos erros. Fixando-se em palavras e versículos “arrancados” de seu conjunto ou contexto e não permitindo à Escritura explicar-se a si mesma, os judeus encontraram nela um apoio fictício para rejeitar a Cristo. Procedendo da mesma maneira, os papistas encontraram aparente apoio na Bíblia para os erros do papado e das matanças e torturas orquestradas pela Inquisição. Atuando assim, os espíritas pensam achar aparente apoio para sua errônea reencarnação; os russelitas para seus erros blasfemos. Se todos tivessem a sensatez de permitir que a Bíblia se explicasse a si mesma evitariam graves e desastrosos erros.

Por causa desse abuso aqui apontado, dize-se que na Bíblia se encontra apoio para muitas doutrinas totalmente erradas. Isso tudo é causado pela má vontade, a preguiça em estudá-la, o apego a ideias falsas e mundanas e a ignorância de toda regra de interpretação.

A primeira e fundamental regra da correta interpretação bíblica deve ser aquela que diz: a Escritura explicada pela Escritura. Cada escritor das Escrituras tinha seu estilo próprio, segundo a revelação que lhes era dada pelo Espírito Santo. Não é de admirar que se utilizasse de uma linguagem apropriada à ocasião, à sua formação. Dessa forma, para se obter o sentido completo das Escrituras não se pode desprezar o estudo do contexto, da gramática, das palavras e das passagens paralelas. Por isso a importância de recorrermos ao Estudo Bíblico do livro para o conhecimento do ambiente e da formação do escritor.

Não podemos menosprezar o abismo cultural resultante de significativas diferenças entre cultura dos antigos hebreus e a nossa. Devemos lembrar-nos que a Palavra de Deus foi originada de modo histórico e, por isso só pode ser entendida à luz da história. Cada um de nós vê a realidade através de olhos condicionados pela cultura e por uma variedade de outras experiências.

O pressuposto fundamental da teoria da hermenêutica é: “o significado de um texto deve ser aquele que o autor tinha em mente e não aquele que o leitor deseja impor-lhe”. O Senhor Jesus nos exorta a examinar as Escrituras para encontrarmos nela a verdade, e não interpretá-la para estabelecermos a verdade segundo a vontade do homem.

ANALISAR O TEXTO DENTRO DE TODO O SEU CONTEXTO

Num texto ou em uma sequencia de textos, o contexto é constituído pela sequencia de parágrafos ou blocos que precedem e se seguem imediatamente ao texto, e que podem de uma forma ou de outra, quando suprimidos, não revelar os seus desígnios.

Na Bíblia, assim como em toda boa literatura, devemos ter uma compreensão do todo a fim de apreciar e entender as partes. Nunca devemos tratar um livro da Bíblia como uma coleção de passagens isoladas. São histórias, poemas e cartas conectadas.

De acordo com Esdras Bentho, autor do livro: “Hermenêutica Fácil e Descomplicada”, o exame do contexto é importante por três motivos:

1- As palavras, as locuções e as frases podem assumir sentidos amplos;

2- Os pensamentos normalmente são expressos por sequencia de palavras e frases.

3- Desconsiderar o contexto acarreta interpretações falsas, além de se constituir uma eixegese.

TOMAR O TEXTO EM SEU SENTIDO USUAL E ORDINÁRIO

Os escritores das Sagradas Escrituras escreveram de modo que todos entendessem seus escritos. Para que isso fosse possível, valeram-se de palavras conhecidas e entendidas pelo povo em geral. Devido ao ambiente que viviam, bem como à cultura da sua época, fizeram uso abundante de várias figuras de linguagem, como a retórica, símiles, parábolas, etc. Além disso, ocorrem expressões peculiares do idioma hebreu, chamados hebraísmos. Precisamos ter consciência de tudo isso para podermos determinar qual é o verdadeiro sentido usual e comum das palavras e frases das Escrituras que chegaram até nós. Averiguar e determinar qual é o sentido usual e ordinário deve constituir, portanto, o primeiro cuidado da interpretação ou correta compreensão das Escrituras.

LEVAR EM CONTA A INTENÇÃO DO AUTOR

A Bíblia tem um lado humano, e assim nos encoraja como também nos desafia a interpretá-la. Ao falar através de pessoas reais, numa variedade de circunstâncias, por um período de 1500 anos, a Palavra de Deus foi expressa no vocabulário e nos padrões de pensamento daquelas pessoas, e condicionadas pela cultura daqueles tempos e circunstâncias. Por estarmos distantes deles no tempo, e às vezes no pensamento, precisamos aprender a interpretar a Bíblia levando em conta a intenção do autor humano.

LEVAR EM CONTA O ESTILO LITERÁRIO

Deus, para comunicar sua Palavra para os homens, escolheu fazer uso de quase todo tipo de comunicação disponível: história em narrativa, as genealogias, as crônicas, leis de todos os tipos, poesias de todos os tipos, provérbios, oráculos proféticos, enigmas, drama, esboços biográficos, parábolas, cartas, sermões e apocalipses, ou seja, a Bíblia contém uma riqueza infindável de estilos literários.

Quando conhecemos o estilo da literatura que estamos lendo, podemos entendê-la melhor. Lemos história com uma postura diferente de quando lemos uma poesia. Gêneros diferentes evocam expectativas e estratégias de interpretação diferentes.

LEVAR EM CONTA A BÍBLIA COMO UM TODO

A leitura da Bíblia enquanto Palavra de Deus pressupõe a fé na revelação e a disponibilidade em acolher tal Palavra como diretiva para interpretar e organizar a própria vida. Ler as Escrituras à luz de toda a mensagem bíblica, o completo consenso divino, não apenas nos previne de interpretações errôneas como também nos proporciona um entendimento mais profundo da Palavra de Deus.

Apesar de muitos autores humanos terem contribuído para escrever a Bíblia, Deus é o seu Autor último. E ao mesmo tempo em que a Bíblia é uma coleção de muitos livros, ela também é um só livro. A Bíblia contém muitas histórias, mas todas elas contribuem para uma única história. Consequentemente, devemos ler uma passagem, ou até mesmo um livro da Bíblia, no contexto do corpo do ensino e doutrina que flui da história completa da revelação progressiva da Palavra de Deus.

LEVAR EM CONTA O CONTEXTO HISTÓRICO

A compreensão dos textos bíblicos deve levar em conta as características dos textos. Antes de tudo, são livros que provem de um passado distante. O texto está distante do leitor pela língua e pela lógica interna, e também enquanto proveniente de um contexto histórico muito diferente. O leitor de hoje encontra-se numa situação diferente de compreensão, vive em condições de vida e dispõe de uma mentalidade diferente em relação aos primeiros leitores do texto. Tais distâncias temporais e culturais podem obstacular a compreensão. A leitura dos textos sob o aspecto histórico investiga o enraizamento de um texto na realidade histórica, ou seja, busca colocar às claras a relação entre o texto e o evento narrado.

A VISÃO DOS REFORMADORES

Os reformadores criam na Bíblia como sendo a Palavra inspirada de Deus. Mas, por mais que fosse sua concepção de inspiração, concebiam-na como orgânica ao invés de mecânica. Em certos particulares revelaram até mesmo uma liberdade notável ao lidar com as Escrituras. Ao mesmo tempo consideravam a Bíblia como a autoridade suprema e como côrte final de apoio em disputas teológicas. Em oposição à infalibilidade da Igreja, colocaram a infalibilidade da Bíblia. Sua posição é perfeitamente evidenciada na declaração que: a Igreja não determina o que a Escritura ensina, mas a Escritura determina o que a Igreja deve ensinar. O caráter essencial de sua exegese era o resultado de dois princípios fundamentais:

1) A Escritura interpreta a Escritura;

2) Todo o entendimento e exposição da Escritura deve estar em conformidade com a analogia da fé. Isto é, o sentido uniforme da Escritura.

- Lutero. Ele prestou à nação alemã um grande serviço ao traduzir a Bíblia para o vernáculo alemão. Também se empenhou no trabalho de exposição, embora somente em uma extensão limitada. Suas regras hermenêuticas eram melhores que sua exegese. Embora não desejasse reconhecer nada além do sentido literal e falasse desdenhosamente da interpretação alegórica, não se afastou inteiramente do método desprezado. Defendeu o direito do julgamento particular; enfatizou a necessidade de se levar em consideração o contexto e as circunstâncias históricas; exigia fé e discernimento espiritual do intérprete; e desejava encontrar Cristo em todas as partes da Escritura.

- Melanchthon. Foi a mão direita de Lutero e seu superior em erudição. Seu grande talento e conhecimento extensivo, também de grego e hebraico, estavam bem adaptados para transformá-lo em um intérprete admirável. Em sua obra exegética, procedia segundo os princípios sadios de que:

a) Escritura deve ser entendida gramaticalmente antes de ser entendida teologicamente;

b) A Escritura tem apenas um sentido claro e simples.

- Calvino. Foi por consenso, o maior exegeta da Reforma. Suas exposições cobrem quase todos os livros da Bíblia, e o valor delas ainda é reconhecido. Os princípios fundamentais de Lutero e Melanchthon também foram os seus, e ele os superou ao conciliar sua prática com sua teoria. Viu no método alegórico, um artifício de Satanás para obscurecer o sentido das Escrituras. Acreditava firmemente no significado simbólico de muito o que se encontrava no Antigo Testamento, mas não compartilhava da opinião de Lutero de que Cristo deveria ser encontrado em todas as partes da Escritura. Além disso, reduziu o número de Salmos que poderiam ser reconhecidos como messiânicos. Insistiu no fato de que os profetas deveriam ser interpretados à luz das circunstâncias históricas. Como ele via, a excelência primeira de um expositor consistia de uma brevidade lúcida. Além disso, considerava que “a primeira função de um intérprete é deixar o autor dizer o que ele diz, ao invés de atribuir a ele o que pensamos que ele deveria dizer”.

- Os católicos romanos. Esses não fizeram nenhum progresso exegético durante o período da Reforma. Não admitiam o direito de julgamento particular e defendiam em oposição aos protestantes, a posição de que a Bíblia deve ser interpretada em harmonia com a tradição. O Concílio de Trento enfatizou:

a) Que a autoridade da tradição eclesiástica devia ser mantida;

b) Que a autoridade suprema tinha de ser atribuída à Vulgata;

c) Que era preciso harmonizar a própria interpretação com a autoridade da igreja e do consenso unânime dos Pais da igreja.

 

Onde esses princípios prevalecem, o desenvolvimento exegético sofreu uma parada repentina.

 

 

OBADIAS

O livro de Obadias é o quarto dos profetas menores, e contém apenas um capítulo em que prediz a destruição de Edom (9), dando como causa a mortandade e o agravo feito a seu irmão Jacó (11). É o livro mais curto do Antigo Testamento.

 AUTOR

É atribuído ao profeta Obadias, seu nome significa “servo ou adorador do Senhor”. É um nome bíblico comum, atribuído a mais de uma dezena de personagens no Antigo Testamento. Obadias é contemporâneo do profeta Jeremias. A profecia dele é a mesma de Jeremias 49.7-22

 DATA

O período que o livro foi escrito não pode ser determinado com certeza. Apesar de que alguns eruditos conservadores atribuem a profecia algum tempo antes da queda de Jerusalém (586 a.C.), a destruição da cidade, apresentada nos versículos 11 a 14, mais apropriadamente cabe dentro da destruição ordenada por Nabucodonosor, da qual sabemos que os edomitas participaram (Sl 137.7; Lm 4.21).

 

O oráculo de Obadias foi datado de diversos períodos que variam entre 850 e 400 a.C. A data pode ser determinada pela suposição de que os versículos 11-14 se referem a um período específico na história da interação israelita com a nação de Edom. Os dois acontecimentos mais prováveis são:

1 – O ataque a Jerusalém pelos filisteus e árabes, por volta de 844 a.C., durante e reinado de Jorão (2Cr 21.16-17);

2 – A destruição de Jerusalém pelos babilônios em 587 a.C. (2Rs 25.1-12). Situar Obadias após a queda de Jerusalém parece ser a opção mais favorável, já que a conquista total da cidade descrita no versículo 11 é mais bem explicada pela invasão de Nabucodonosor com o cerco e a pilhagem da capital de Judá. Nesse caso Obadias então seria da época de Jeremias.

 A correspondência existente entre Obadias 1-9 e Jeremias 49.7-22 levou muitos a cogitar algum tipo de interdependência entre esses profetas, mas é possível que ambos tenham usado uma fonte comum que hoje desconhecemos.

 EDOM

A luta entre Israel e Edom (Esaú) datava do início do seu nascimento; “Os filhos lutavam no ventre dela”, (Gn 25.22). Esaú, depois de vender a Jacó o seu direito de primogenitura, desprezava não somente esse direito, mas houve grande inimizade entre os dois irmãos. Jacó teve de fugir para salvar sua vida. Deus mandara que Israel não aborrecesse seu irmão, Edom (Dt 23.7). Mas quando Nabucodonosor conquistou Jerusalém, os edomitas participaram cruelmente, no despojo e massacre (11). Assim seu cálice de iniquidade transbordava e Deus, por intermédio de Obadias, sentenciou a nação a ser exterminada. Depois da restauração de Israel, Ciro massacrou milhares deles. Foram esmagados pelos judeus nos tempos dos Macabeus. Herodes, era edomita (idumeu). Depós da destruição de Jerusalém em 70 a.C., os idumeus desapareceram da história do mundo.

 CONTEXTO

Edom, a nação que descendia de Esaú, sempre se mostrou antagônica para com Israel, a despeito de serem irmãos. Muitos profetas receberam a incumbência de entregar mensagens de condenação contra Edom (Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Malaquias), que frequentemente chamavam a atenção para a atitude de autossuficiência e orgulho de Edom, como raiz de seu pecado.

 A nação de Edom situava-se nos planaltos e desfiladeiros de arenito na extremidade sudeste do mar Morto, desde o riacho de Zerede até o norte do golfo de Ácaba ao sul. Havia forte organização tribal em Edom desde os tempos patriarcais (Gn 36.1-30). Os edomitas passaram para a forma de governo monárquico antes que Israel saísse do Egito. Quando o povo de Jacó em peregrinação para Canaã pediu que lhe fosse concedido o direito de atravessar as terras de Edom, eles negaram e os ameaçaram com uma demonstração de força (Nm 20.14-21; 21.4).

 Depois desse episódio, Edom e Israel coexistiram pacificamente até o reinado de Saul e Davi (1Sm 14.47; 2Sm 8.13,14). Judá controlou Edom durante o reinado de Jorão (853-841 a.C.), quando os edomitas se rebelaram e conseguiram sua independência (2Rs 8.20-22). Invasões posteriores a Edom pelos reis judeus Amazias e Uzias (2Rs 17.7; 14.22), foram limitadas e resultaram apenas no controle temporário de parte do território edomita.

 Em 597 a.C., o controle do Neguebe foi tirado de Judá pelos babilônios (2Rs 24.8-17) e os edomitas se mudaram para a região. Edom não só auxiliou a Babilônia na pilhagem de Jerusalém em 587, como também ocupou algumas vilas de Judá até o período persa.

 PROPÓSITO E MENSAGEM

Obadias proclamou uma mensagem de três partes às nações (1). Em primeiro lugar condenou orgulho e a crueldade de edomitas para com Judá.

 Em segundo lugar, o profeta se dirigiu ao remanescente fiel de Israel e assegurou o triunfo final de Deus e a justiça sobre a perversidade de todas as nações no dia do Senhor (15, 16).

 

Finalmente, implícito nesta breve profecia e praticamente em toda a literatura profética do Antigo Testamento está o domínio universal do Senhor Deus sobre as nações.

 A profecia de Obadias a respeito da retribuição divina contra Edom por auxiliar e se vangloriar do dia da desgraça de Judá serve de advertência a todas as nações, já que elas também correm o risco de receberem a retribuição por suas ações à medida que o dia da ira do Senhor se aproxima (15, 16). Mais importante para Israel, essa afirmação profética da atividade divina na história foi criada para relembrar seu amor pelo povo fundamentado na aliança e, assim, pretendia oferecer uma palavra de incentivo no presente e uma promessa de esperança futura ao remanescente de Jacó diante do desastre recente (Sl 111.2-9; Lm 3.21-28).

 LIÇÃO ESPIRITUAL

O especial e providencial cuidado de Deus para com os judeus e a certeza do castigo para com o que os perseguem.

 ESBOÇO DE OBADIAS

A sentença de Edom por causa de seu orgulho e de sua maldade contra Jacó, VV. 1-16.

A libertação do povo escolhido e a inclusão de Edom em seu reino futuro, VV. 17-21.

 

 FONTES:

Novo Dicionário da Bíblia - John Davis – Ed. Hagnos

Panorama do Antigo Testamento – Andrew E. Hill & J. H. Walton – Ed. Vida

Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – Ed. CPAD

Bíblia Shedd – Ed. Vida Nova

Bíblia de Estudo NVI – Ed. Vida

Bíblia Thompson – Ed. Vida

Hermenêutica – E. Lund & P.C. Nelson – Editora Vida

Hermenêutica – Módulo 5 da FTB – Editora Betesda

Princípios de Interpretação Bíblica – Louis Berkhof – Editora Cultura Cristã

 

 

 

 
 

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